terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Festival Música nas Montanhas - Choro Rasgado

Há 12 anos Poços de Caldas é sede do evento musical que está entre os mais importantes do país: o Festival Música nas Montanhas. Durante 14 dias a cidade transpira música por todos os poros. São mais de 30 concertos abertos ao público e mais de 40 oficinas sobre música erudita e instrumental para todos os instrumentos que compõem uma orquestra. Acesso livre a cultura para a população poçoscaldense, que tanto reclama da falta de eventos culturais na cidade. O problema maior não é a pessoa reclamar que não tem bons eventos em Poços. O maior problema é o reclamão não aproveitar a oportunidade quando ela aparece! (risos) É rir pra não chorar, né? Ah, e por falar em chorar...



O segundo dia do FMM (10, segunda) fugiu os padrões do evento. Foi uma boa fugida de padrões, de muito bom gosto! Dois violões (sendo um de 7 cordas), um pandeiro e uma flauta transversal. Se você que tá lendo é um bom brasileiro já deve ter deduzido que se trata de uma formação típica de um grupo de chorinho, né? E não é um grupo qualquer de choro, é o grupo Choro Rasgado, formado por músicos que estão entre os maiores entendedores do assunto no país. Os quatro chorões são: Roberta Valente (pandeiro), Alessandro Penezzi (violão solo), Zé Barbeiro (violão de 7 cordas) e Rodrigo Y Castro (flauta transversal). Os chorões, tanto os do palco quanto os da platéia eram só sorrisos do começo ao fim do show, que teve no repertório músicas próprias do grupo e interpretações dos mestres do gênero.




Das canções compostas pelos membros do grupo, algumas tem histórias engraçadas, particulares e curiosas. Olha só:
  • "Ó do Borogodó" (Zé Barbeiro) - A música tem o mesmo nome do bar que o grupo se apresenta toda semana em São Paulo. Foi composta para simbolizar toda alegria que conduz os shows do quarteto neste bar. Segundo eles próprios, é um fuzuê danado!
  • "Chá de Macaco" (Zé Barbeiro) - Foi escrita depois que o compositor foi convidado a tomar um Chá de Macaco. A expressão é usada para bebidas muito fortes.
  • "Roberta, Olha o Breque!" (Zé Barbeiro) - "Essa ele fez pra complicar a minha vida, como vocês verão!", Roberta, antes de iniciar a execução da música que é um desafio e tanto para qualquer bom pandeirista, com breques inesperados e imprevisíveis.
  • "Capitão Rodrigo" (Alessandro Penezzi) - Feita para o flautista do grupo. Segundo ele, sua mãe não perdia um episódio da minissérie "O Tempo e o Vento" (1985), que tinha um personagem com o mesmo nome.
  • "Ao Mestre" (Alessandro Penezzi) - O compositor dedica essa canção a Sérgio Belluco, que foi seu professor de violão.
  • "São Braz" (Alessandro Penezzi) - Feita em homenagem a avó materna do compositor, que dava um tapinha nas costas da pessoa e falava "São Braz!" toda vez que alguém espirrava!
  • "Na Segunda Ele Fica Vermelho" (Alessandro Penezzi) - Inspirada no clarinetista Anderson Alves - apelidado de "Esparadrapo" - que ficava vermelho e sem fôlego quando executava a segunda parte da música "Espinha de Bacalhau", que tem grande quantidade de notas.
Muito legal, né? Eu achei interessante demais e resolvi anotar tudo que eles falavam sobre as músicas. As pessoas me olharam de forma meio estranha quando eu tirei um caderno de 10 matérias da mochila e comecei a fazer umas anotações, mas...(risos)

Além das canções autorais, o quarteto interpretou clássicos de mestres da música. Eu e a minha amiga Mariele Akstein (que me fez companhia) ficamos boquiabertos e tentando entender como era possível aquele flautista tocar naquela velocidade em "Tico-Tico no Fubá", clássico de Zequinha de Abreu. Ah, e ver o Teatro Benigno Gaiga lotado cantando "Carinhoso" (Pixinguinha e João de Barro) foi algo arrepiante e emocionante! Imaginem centenas de vozes cantando em coro: "Meu coração, não sei porquê, bate feliz quando te vê...". Só de lembrar me dá arrepios! Agora, sinceramente, vou contar um segredo pra vocês: eu fiquei com medo quando eles tocaram a última música. Achei que o teatro ia cair! Quase saí dali com medo de morrer no meio de escombros, mas aí depois pensei: "Ah, pelo menos vou morrer feliz!". Qual era a música? "Brasileirinho", de Waldir Azevedo. Acho que não preciso falar mais nada né?

Quando acabou o show, saí correndo do teatro pra poder comprar o primeiro CD do grupo, chamado "Baba de Calango" (2004). Na volta pra casa, dentro do ônibus, peguei o encarte do disco pra dar uma lida e não é que tive uma ótima surpresa? O álbum tem uma pitadinha de Poços de Caldas com um texto do conhecidissimo jornalista e blogueiro Luís Nassif falando sobre a o quarteto.


Isso é que eu chamo de começar bem a semana! Injetei uma dose cavalar de música brasileira na veia! Aguardem por mais postagens sobre o 12º Festival Música nas Montanhas. O evento acontece até o dia 22 de janeiro! Só deixa de ter acesso a cultura quem quer, hein pessoal? Tem muita coisa boa pra rolar ainda!
Pra você que perdeu este espetáculo, só resta assistir ao vídeo abaixo:


Links:12º FMM (site oficial) - http://www.festivalmusicanasmontanhas.com/
Choro Rasgado (site oficial) - http://www.chororasgado.com/
Portal Luís Nassif -
http://blogln.ning.com/
Fotos e texto por Tokinho / Vídeo por José Edilberto (retirado do Youtube)
Agradecimentos: Juliana Incrocci e Mariele Akstein por me emprestarem a câmera fotográfica.



5 comentários:

  1. Hehee , boom realmente o teatro deve ter quase desabado poois as 3 músicas citadas sao maravilhosas ... ! Boom saber q existem pessoas super talentosas , estao de Parabéns .
    espero que os proximos dias do eventoo sejam cada vez melhores!

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  2. Foi muito bom mesmo!!! É uma pena que só acontece uma vez ao ano!
    Agora estaremos lá em todas apresenteções!!!
    auhasHUSAUHUHHUSAA....
    Mto bom o texto!!

    bejossss

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  3. Olá caro Tokinho!

    De fato Choro Rasgado é um dos melhores grupos de choro do Brasil! O Penezzi detona, incrível o talento e competência dele.
    Aqui em SP temos inúmeras atrações e assim como em Poços muitos não tiram proveito de determinados espetáculos e coisas do gênero. É assim no mundo todo, ou você acredita que todos que moram em Nova York conhecem o Metropolitan? Não devemos nos lamentar e sim estudar para tentar desfrutar dos prazeres culturais existentes a disposição.

    Deixo um convite para quando estiver em SP curtirmos uma noite no Ó do Borogodó com direito a um pós-balada no Love Story para conhecer o melhor da música eletrônica na “Casa de Todas as Casas”.

    Forte abraço e bons sons!

    Leonardo T. Testoni

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  4. Querido, muito obrigada pelo carinho, foi realmente um show muito especial :-)
    beijão e apareça no Ó do Borogodó uma terça.

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  5. Massa demais o post! O choro é um dos estilos que precisa ser mais ouvido por nós, brasucas. Só assim poderemos assimilar a linguagem e criar novos choros, para que o gênero continue sua linha evolutiva.

    abraços.
    pedrim

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