segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Poesia Concertante na Noite Independente!

Saudações pessoal! É com muita alegria que venho informar a todos vocês, leitores, que nós somos atração confirmada na Noite Independente do mês de fevereiro.

Pra quem não sabe, a Noite Independente é um evento mensal realizado pelo Corrente Cultural desde março do ano passado no New York Pub, casa parceira do coletivo. Antes de começar a acontecer o evento, o bar só tinha espaço para bandas que tocavam covers. Agora, graças a parceria podemos, uma vez por mês, mostrar para os frequentadores do bar músicas inéditas, de artistas locais e que vem de todos os cantos do Brasil.

Nós já fizemos parte da programação do evento na primeira edição. Porém, na ocasião nos apresentamos em duo, onde eu e o Rafael Acerbi, ex-integrante da banda nos apresentamos com dois violões. Foi legal demais poder mostrar meu som pras pessoas em um bar onde eu estou sempre cantando músicas dos outros para garantir meu dinheiro. A diferença é óbvia, quando tocamos músicas próprias, o dinheiro fica em centésimo plano.

Formação atual da Poesia Concertante / Radar Musical 2010
Pois bem, vamos ao que interessa. A intenção dessa postagem é convidar vocês, leitores de Poços de Caldas, a comparecer no New York Pub dia 20 de fevereiro (domingo) a partir das 21h00 para prestigiar nosso trabalho. Na ocasião, nos apresentaremos com a banda completa, portanto: eu (voz e violão), Marina Ulian (flauta transversal e picollo), Fernanda Dearo (teclado), Ivan Trevisan (baixo acústico, fretless). Além da formação fixa do grupo, contaremos com a presença de um representante de peso dos bateristas da cidade, que, inclusive, já se apresentou com a gente no último Viva Urca que participamos, em 2010. O nome dele é Lukas Malaquias, grande amigo meu que se mostrou disposto a nos dar uma força tocando bateria e percussão.

O repertório, obviamente, priorizará a execução de músicas próprias com mais algumas surpresinhas. Então se você não conhece o nosso trabalho, ou se conhece e gostaria de nos ver tocando de novo, ta aí uma ótima oportunidade! Além de nós, a banda Capitão Vinil também já está confirmada para o evento. Portanto, estão todos convidados a comparecer neste evento que vem mudando a cabeça do público consumidor de música em Poços de Caldas: a Noite Independente!

OBS.: A data é próxima do meu suposto aniversário (nasci e fui registrado no dia 29 de fevereiro, que só existe de quatro em quatro anos), portanto me deêm este presente de aniversário e compareçam lá para prestigiar o nosso trabalho.

Serviço
Quando? Dia 20 de fevereiro (domingo);
Onde? New York Pub (Rua Rio de Janeiro, 243);
Que horas? A partir das 21h00.

Para mais informações, acesse o site http://www.correntecultural.com/

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Festival Música nas Montanhas - Encerramento

A platéia lotou o Teatro Benigno Gaiga / Foto por Leko Machado
Olá, pessoas! Desculpem-me pela ausência, acabei me desleixando com relação a cobertura que me dispus a fazer do Festival Música nas Montanhas, não cumpri com o que havia prometido: postar um texto sobre cada apresentação que eu comparecesse. Esta postagem que você está lendo marcará o final das postagens relacionadas ao Festival.

Sábado (22) foi a despedida desse grande evento da nossa cidade - em grande estilo, diga-se de passagem. Eu acho que nunca vi o Teatro Benigno Gaiga tão lotado como aquele dia. As pessoas, na falta de cadeiras, tiveram que improvisar fileiras com cadeiras de plástico entre os corredores, sem contar os que ficaram de pé ou assistiram sentados no chão. O fato é que ninguém ali se importava em estar sentado confortavelmente, a prioridade era confortar os ouvidos, a alma e o coração. Antes de começar o concerto, foi exibido um vídeo contendo fotos do artista-fotógrafo bageense Leko Machado, que já foi citado aqui no blog em uma postagem e roubou a cena no Festival com a sua sensibilidade transmitida em fotografias. No final do vídeo, aplausos - como não poderia deixar de ser diante de uma bela obra como aquela. Ah, inclusive, vale ressaltar que resolvi usar algumas fotos tiradas por ele nessa postagem, como uma forma de reconhecimento do belo trabalho desse gaúcho, que com certeza vai voltar pra registrar os próximos festivais.

Guigla Katsarava / Foto por Leko Machado
A primeira obra apresentada foi o Concerto Nº1 para Piano e Orquestra, do húngaro Franz Lizt (1811 - 1886). O destaque dessa parte do espetáculo ficou por conta de Guigla Katsarava , pianista virtuoso que tem um poder sobrenatural na interpretação das obras. A emoção dele em tocar piano é explícita nas expressões faciais dele, que mudam de acordo com o andar da música, além da velocidade e destreza que deixaram todos de queixo caído. Hoje, ele mora na França, onde é professor desde 1994 do Conservatório Nacional Superior de Paris, escola-modelo em música e dança. A participação dele foi aplaudida de pé pelas centenas de pessoas que estavam no teatro por mais de uma vez, ele voltou ao palco umas três vezes, inclusive interpretando mais uma obra, desta vez sozinho.

 Depois da saída de Katsarava do palco, seguiu-se sob regência do maestro Jean Reis o concerto com a obra A Sagração da Primavera, de Igor Strawinsky (1882 - 1971). Tudo era realmente de arrepiar, inclusive o fato de que um dos violoncelistas da orquestra era William Neres, um amigo e irmão que criou junto comigo a Poesia Concertante. Se você quiser ver como era o grupo antes da saída dele, clique aqui e vá direto pro canal do Youtube assistir.

Aliás, essa não foi a única vez que a Poesia Concertante esteve presente no Festival Música nas Montanhas, a pianista do grupo, Fernanda Dearo se apresentou na Igreja Matriz junto ao coral do festival. Fiquei muito orgulhoso quando encontrei ela lá e ela me falou que ia cantar!
 
Jean Reis / Foto por Leko Machado
Músicos, músicas, platéia, crianças que imitavam os movimentos dos maestros, pessoas que dormiram enquanto as notas soavam, que choraram, que riram, se espantaram, se emocionaram e se arrepiaram. Acima de tudo, pessoas que apreciaram e não perderam a oportunidade de presenciar belos momentos como estes. Tenho orgulho em ter feito parte deste seleto grupo que valoriza a música e não quer saber de rótulos. Você que perdeu, vê se não perde de novo no ano que vem, é um belo evento e você merece isso. É cultura de graça gente! Ano que vem pretendo estar lá de novo, apreciando e aprendendo com esses magníficos músicos que fizeram com que a nossa cidade soasse em tons maiores durante alguns dias. Que venha o próximo Festival Música nas Montanhas em 2012.

Bom, é isso. Meu ano começou bem, com música boa! Até a próxima postagem e não esqueçam de comentar, pois o comentário é a única forma de um blogueiro saber se seu trabalho está dando certo ou não.

Abraços e obrigado por ler.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Festival Música nas Montanhas - UFRN Cellos

O Festival Música nas Montanhas continua à todo vapor, promovendo o acesso livre à cultura para a população poçoscaldense, turistas, extraterrestres e qualquer um que tenha a cabeça e os ouvidos abertos. Aqui no blog Poesia Concertante, vocês acompanharão a cobertura de alguns concertos, os que eu puder comparecer. Até o dia 22 de janeiro, muitas notas vão ecoar em teatros, hospitais, praças, na zona rural e vocês poderão acompanhar por aqui um pouquinho do que foram esses espetáculos.

Depois de toda brasilidade apresentada pelo grupo paulistano Choro Rasgado (clique aqui para ler o texto), foi a vez da leveza e imponência dos violoncelos encantarem a platéia no Teatro Benigno Gaiga, na terça-feira, dia 11. A apresentação foi da UFRN Cellos, que conta com 9 instrumentistas alunos de cursos técnicos, bacharelado e de extensão. São eles: Mayara Alencar (PA), Cristian Brandão (SP), Dora Uthermol (RS), Diego Paixão (RN), Kalim Campos (PB), Ana Beatriz Censi (SP), Júlio Cesar Freitas (RN), Camila Zerbinatti (SP), Kalyne Valente (PA). São 9 jovens talentosissimos, que escolheram a música erudita como caminho! Ótima escolha, diga-se de passagem.


A orquestra veio sob a direção artística de Fábio Presgrave, violoncelista brasileiro de renome internacional, formado pela Juilliard School (Nova Iorque). Leciona música na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é diretor da Escola de Música de Macaíba (RN) e Doutor em música pela UNICAMP. Participou do álbum Dante XXI, da banda Sepultura, que, inclusive, é mineira e leva o nome do nosso amado e musical estado pro mundo inteiro. Ah, uma curiosidade: eu conheço ele já tem um tempo, desde a época em que eu era recepcionista do Hotel Estalagem do Café, no qual ele se hospeda (ou se hospedava) todos os anos para o Festival. Bom, voltemos a falar do concerto...

O teatro estava entupido de gente, com pessoas sentadas até no corredor por falta de espaço nas cadeiras. Ninguém tirava os olhos e os ouvidos da orquestra, que interpretou com maestria obras de compositores como Bach e Villa-Lobos. Tudo estava impecável: a vestimenta, a execução, a emoção transmitida, enfim, tudo. A cada final de música nós, da platéia, batíamos palma com força e vontade, até doer as mãos.

Todos estavam aguardando uma surpresa anunciada: a presença da soprano Alzeny Melo, solista do grupo de violoncelos. Ela é várias vezes diplomada e já participou de vários master classes e óperas como: A Flauta Mágica (de Mozart), Les Fêtes de l'Amour et de Bacchus (de Lully) e Romeu e Julieta (de Gounod). Foi também várias vezes premiadas em renomados concursos de canto lírico. Eu e mais umas centenas de pessoas ficamos paralizados vendo ela soltar aquele vozeirão, que ia da calmaria a fúria em pouquíssimo tempo. Ela foi aplaudida por essas mesmas centenas de pessoas que estavam paralizadas de pé, durante alguns minutos de palmas ininterruptas. "Bravo! Bravo!" Isso era o que dava pra ouvir de várias pessoas! Concordo plenamente com elas, e digo mais, não tem nada de bravo...e sim bravíssimo! Linda apresentação da carismática-cantora da-voz-potente, que cativou todos com o sorriso, com a voz e a satisfação explícita em estar ali se apresentando tão longe de casa.

Quando todo mundo achou que tinha acabado aquele belo concerto, voltaram os nove músicos e se despediram do Festival Música nas Montanhas com bom humor, tirando risadas da platéia com a interpretação do tema do desenho que eu sou fã: Os Simpsons, e eu filmei esse momento. Confiram no vídeo. Assim foi mais um concerto desse festival que faz os começos de ano ficarem belos, com muita música! Música livre, pra todo mundo!

E você que tá lendo isso e morrendo de vontade de ver uma coisa dessas ao vivo, terá ainda muitas oportunidades. Cabe a você aproveitá-las ou não. Eu faço por mim e contribuo para que vocês façam o mesmo, convidando-os para participar! Espero que estejam gostando da cobertura que eu estou fazendo por conta própria do festival.

Ah, e uma dica que vale a pena ser seguida: tem um fotógrafo aqui na cidade lá de Bagé, no Rio Grande do Sul, fazendo uma cobertura fotográfica das mais belas do festival. Mas não são fotos comuns, é pura arte! Só falta dar pra ouvir os sons nas fotos, de tão lindas que são. O nome do artista é Leko Machado, e você pode conhecer o belo trabalho dele acessando o site do fotógrafo, que é diariamente atualizado com as fotos dos concertos. Clique aqui e vá até o site, garanto que não vai se arrepender!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Festival Música nas Montanhas - Choro Rasgado

Há 12 anos Poços de Caldas é sede do evento musical que está entre os mais importantes do país: o Festival Música nas Montanhas. Durante 14 dias a cidade transpira música por todos os poros. São mais de 30 concertos abertos ao público e mais de 40 oficinas sobre música erudita e instrumental para todos os instrumentos que compõem uma orquestra. Acesso livre a cultura para a população poçoscaldense, que tanto reclama da falta de eventos culturais na cidade. O problema maior não é a pessoa reclamar que não tem bons eventos em Poços. O maior problema é o reclamão não aproveitar a oportunidade quando ela aparece! (risos) É rir pra não chorar, né? Ah, e por falar em chorar...



O segundo dia do FMM (10, segunda) fugiu os padrões do evento. Foi uma boa fugida de padrões, de muito bom gosto! Dois violões (sendo um de 7 cordas), um pandeiro e uma flauta transversal. Se você que tá lendo é um bom brasileiro já deve ter deduzido que se trata de uma formação típica de um grupo de chorinho, né? E não é um grupo qualquer de choro, é o grupo Choro Rasgado, formado por músicos que estão entre os maiores entendedores do assunto no país. Os quatro chorões são: Roberta Valente (pandeiro), Alessandro Penezzi (violão solo), Zé Barbeiro (violão de 7 cordas) e Rodrigo Y Castro (flauta transversal). Os chorões, tanto os do palco quanto os da platéia eram só sorrisos do começo ao fim do show, que teve no repertório músicas próprias do grupo e interpretações dos mestres do gênero.




Das canções compostas pelos membros do grupo, algumas tem histórias engraçadas, particulares e curiosas. Olha só:
  • "Ó do Borogodó" (Zé Barbeiro) - A música tem o mesmo nome do bar que o grupo se apresenta toda semana em São Paulo. Foi composta para simbolizar toda alegria que conduz os shows do quarteto neste bar. Segundo eles próprios, é um fuzuê danado!
  • "Chá de Macaco" (Zé Barbeiro) - Foi escrita depois que o compositor foi convidado a tomar um Chá de Macaco. A expressão é usada para bebidas muito fortes.
  • "Roberta, Olha o Breque!" (Zé Barbeiro) - "Essa ele fez pra complicar a minha vida, como vocês verão!", Roberta, antes de iniciar a execução da música que é um desafio e tanto para qualquer bom pandeirista, com breques inesperados e imprevisíveis.
  • "Capitão Rodrigo" (Alessandro Penezzi) - Feita para o flautista do grupo. Segundo ele, sua mãe não perdia um episódio da minissérie "O Tempo e o Vento" (1985), que tinha um personagem com o mesmo nome.
  • "Ao Mestre" (Alessandro Penezzi) - O compositor dedica essa canção a Sérgio Belluco, que foi seu professor de violão.
  • "São Braz" (Alessandro Penezzi) - Feita em homenagem a avó materna do compositor, que dava um tapinha nas costas da pessoa e falava "São Braz!" toda vez que alguém espirrava!
  • "Na Segunda Ele Fica Vermelho" (Alessandro Penezzi) - Inspirada no clarinetista Anderson Alves - apelidado de "Esparadrapo" - que ficava vermelho e sem fôlego quando executava a segunda parte da música "Espinha de Bacalhau", que tem grande quantidade de notas.
Muito legal, né? Eu achei interessante demais e resolvi anotar tudo que eles falavam sobre as músicas. As pessoas me olharam de forma meio estranha quando eu tirei um caderno de 10 matérias da mochila e comecei a fazer umas anotações, mas...(risos)

Além das canções autorais, o quarteto interpretou clássicos de mestres da música. Eu e a minha amiga Mariele Akstein (que me fez companhia) ficamos boquiabertos e tentando entender como era possível aquele flautista tocar naquela velocidade em "Tico-Tico no Fubá", clássico de Zequinha de Abreu. Ah, e ver o Teatro Benigno Gaiga lotado cantando "Carinhoso" (Pixinguinha e João de Barro) foi algo arrepiante e emocionante! Imaginem centenas de vozes cantando em coro: "Meu coração, não sei porquê, bate feliz quando te vê...". Só de lembrar me dá arrepios! Agora, sinceramente, vou contar um segredo pra vocês: eu fiquei com medo quando eles tocaram a última música. Achei que o teatro ia cair! Quase saí dali com medo de morrer no meio de escombros, mas aí depois pensei: "Ah, pelo menos vou morrer feliz!". Qual era a música? "Brasileirinho", de Waldir Azevedo. Acho que não preciso falar mais nada né?

Quando acabou o show, saí correndo do teatro pra poder comprar o primeiro CD do grupo, chamado "Baba de Calango" (2004). Na volta pra casa, dentro do ônibus, peguei o encarte do disco pra dar uma lida e não é que tive uma ótima surpresa? O álbum tem uma pitadinha de Poços de Caldas com um texto do conhecidissimo jornalista e blogueiro Luís Nassif falando sobre a o quarteto.


Isso é que eu chamo de começar bem a semana! Injetei uma dose cavalar de música brasileira na veia! Aguardem por mais postagens sobre o 12º Festival Música nas Montanhas. O evento acontece até o dia 22 de janeiro! Só deixa de ter acesso a cultura quem quer, hein pessoal? Tem muita coisa boa pra rolar ainda!
Pra você que perdeu este espetáculo, só resta assistir ao vídeo abaixo:


Links:12º FMM (site oficial) - http://www.festivalmusicanasmontanhas.com/
Choro Rasgado (site oficial) - http://www.chororasgado.com/
Portal Luís Nassif -
http://blogln.ning.com/
Fotos e texto por Tokinho / Vídeo por José Edilberto (retirado do Youtube)
Agradecimentos: Juliana Incrocci e Mariele Akstein por me emprestarem a câmera fotográfica.



domingo, 9 de janeiro de 2011

Viva a Cultura Popular Brasileira!

Minas Gerais é um estado conhecido pelo queijo, pelo doce de leite, pelo nosso jeitinho "come quieto", pela nossa música e também pelas crenças, costumes, e tradições que fazem do nosso estado um dos mais ricos - culturalmente falando - e comentados pelo Brasil e pelo mundão afora.
Uma destas tradições é a Folia de Reis, festa de origem européia que simboliza a visita dos Três Reis Magos (Baltazar, Belchior e Gaspar) ao Menino Jesus. Segundo as histórias, os três seguiram a Estrela de Belém para chegar até o Pequeno para oferecer três presentes: o ouro, o incenso e a mirra, simbolizando a realeza, a divindade e a imortalidade, respectivamente. Outra curiosidade que gira em torno dessa história é que os irmãos representavam toda a humanidade, sendo um negro, outro branco e um moreno. A visita supostamente teria ocorrido no dia 6 de janeiro, data em que se comemora o Dia de Santo Reis, como é conhecido e chamado por aí. Em alguns países europeus, o Natal é comemorado neste dia, e não no dia 25 de dezembro como conhecemos. Em terras tupiniquins, essa belíssima tradição acontece principalmente no interior dos estados. Poços de Caldas certamente não estaria de fora de uma festividade tão importante e tão bela como essa, né? Aconteceu ontem (sábado, dia 8) o Encontro de Folia de Reis aqui na cidade, e é sobre ele que vou lhes falar agora!



A tarde [chuvosa] de ontem foi a mais agradável e emocionante que eu tive nesse comecinho de década. Porque? Por que presenciei uma manifestação belíssima de fé e alegria. O encontro aconteceu na Igreja Matriz, lugar que também merece destaque pela sua linda arquitetura. Eu fiquei vidrado em cada verso cantado pelas Companhias de Reis que participaram do evento, observando a riqueza musical que os grupos têm. As vozes são divididas de forma bela e, me ouso a dizer, técnica! São pessoas simples, humildes, que muitas vezes nem sabem da existência da teoria musical, exercícios para voz, nunca fizeram aula de nenhum instrumento e mesmo assim dão um show, impecávelmente afinados! Toda aquela cantoria me fez viajar pra uma roça, com todo aquele povo de roupa colorida tocando e cantando, os bastiões dançando e levantando a poeira do terreiro e a comida sendo preparada em fartura pra todo mundo no fogão de lenha...

É impossível não perceber a e emoção que os foliões depositam num acontecimento desses. A fé é tão forte, que pude presenciar dentro da igreja pessoas que não conseguiram conter a emoção e desabaram em lágrimas. Na minha opinião, acima de tudo, a Folia de Reis faz bater forte no peito dos mais velhos uma nostalgia daquele tempo de criança, que os seus pais faziam isso. Geralmente, as pessoas que hoje fazem parte desses grupos cresceram nesse meio, como é o caso de um senhorzinho que quase me fez chorar também. O apresentador do evento havia falado que ele tinha 92 anos, e quando falei isso pra ele, o velhinho deu uma gargalhada e respondeu: "Noventa e dois? Não, não meu filho...eu sou de 1912!". O nome dele é José Santana, ou Zé Santana (foto ao lado), como prefere ser chamado. "Desde os dez anos de idade eu participo dessa cantoria!". Só como embaixador de Folia de Reis são 75 anos. O que mais me emocionou é a disposição dele, o sorrisão estampado no rosto sempre. E ele disse que não vai parar com a Folia enquanto Deus permitir que ele continue!
O primeiro grupo que eu vi se apresentar lá foi o grupo de Antônio Cassimiro de Lacerda. A Companhia leva o nome dele e tem três anos de atuação na cidade. Logo depois da apresentação deles, fiz questão de ir tirar uma palavrinha dele, que desde o começo me pareceu ser uma pessoa muito carismática e simpática. Perguntei a ele o que era pra ele a Folia de Reis e ele, sem pensar, respondeu: "É louvar a Deus! É entender bem como foi o nascimento de Jesus!".
Lembram quando eu disse que muitos já crescem nesse meio? Então, lá também vi muitas crianças e resolvi bater um papinho com uma delas. O nome do pequeno folião poçoscaldense é Marcelo, ele tem 11 anos, e me disse o seguinte, exatamente com estas palavras: "Começou pelo meu avô! Os morenos, os negros ensinaram ele a cantar Folia de Reis, aí foi passando de geração em geração até chegar em mim. Depois, eu vou seguir também junto!".
Esse foi o meu 8 de janeiro! Espero que eu tenha conseguido passar um pouquinho do que foi este belo evento que acontece anualmente em Poços de Caldas! A cultura está aí pra todos, em vários cantos, cabe a nós correr atrás dela! É tudo muito bonito, muito comovente, muito nosso! Se tiverem a oportunidade de conhecer o trabalho de qualquer grupo de Folia de Reis, eu recomendo muito que o façam, vocês não vão se arrepender e vão ser emocionar, como eu me emocionei!
Obrigado pelas quase 3 mil visitas nesse pouco tempo que o blog Poesia Concertante está em atividade! Espero estar conseguindo agradar a maioria de vocês com as postagens!
Janeiro é um mês rico em Poços de Caldas! Tá rolando por aqui o renomado e conhecido em vários cantos do mundo Festival Música nas Montanhas! Obviamente, vocês verão algo sobre esse evento aqui no blog também! Aguardem as novidades! Abraços!
Fotos e texto por: Tokinho

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

95 anos de história e...poesia!

Este ano tive um Natal diferente do que estava acostumado: todas as festividades com a minha família aconteceram no sítio do meu pai, que ele tem desde quando eu era bem molequinho. É um lugar simples que me traz muitas boas lembranças. Este sítio por coincidência do destino é vizinho do lugar onde minha mãe foi criada e morou boa parte da sua vida, portanto, ela e consequentemente nós, conhecemos todo mundo ali nas redondezas e sempre que vamos pra lá nos reunimos para prosear, contar histórias e jogar truco! No dia 25 de dezembro não foi diferente. Fomos para a casa de nossos vizinhos: a família Corrêa. Como toda e qualquer reunião de amigos na roça, muita fartura e variedade nas formas e tigelas em cima do fogão de lenha. Quem é mineiro sabe do que eu estou falando, né? Leitoa, frango, tutu de feijão, enfim...


De todos que estavam lá, uma figura se destacava: um velhinho de 95 anos, de uma simpatia ímpar, alegria maior ainda, que não dispensa (e diz ele que nunca dispensou) uma pinguinha a qualquer hora do dia. Ele é pai, sogro e avô dos anfitriões. Entre uma música e outra no violão, ouvi umas rimas. Na hora parei de tocar e olhei pra ver quem tava falando aquilo tudo. Me surpreendi e fiquei muito feliz quando vi que o dono daqueles versos era o Sr. Vitor Corrêa, o velhinho que eu falei a pouco. Ainda bem que eu tinha uma câmera em mãos naquele momento e pude registrar isso. Pedi pro Sr. Vitor repetir o poema pra que eu pudesse filmar, e ele não hesitou.

Mary Shelley, uma escritora britância de alguns séculos atrás disse que "a poesia imortaliza tudo que há de melhor e mais belo no mundo." Eu concordo plenamente, realmente as melhores e mais belas coisas da vida podem ser imortalizadas com um poema. Nesse caso, talvez nem tanto pelas palavras, mas pelo exemplo que esse senhor nos dá de que viver é ser feliz. Que ter 95 anos não significa estar esperando a morte chegar, e sim estar torcendo pra que ela não chegue logo.

Um muito obrigado a toda família do Sr. Vitor, que sempre nos recebeu muito bem em sua casa e a ele próprio, que talvez não visite este blog por não ser ligado a tecnologia e internet, mas mesmo assim, devo agradecer. Por ser tão forte, alegre, vivo e lúcido! Que esse vídeo sirva de exemplo aos que acham que a vida não vale a pena, por qualquer motivo que seja. Se você, com seus 18, 20, 30 anos já está pensando em desistir por conta dos problemas da vida, imagine quanta coisa esse homem já passou em noventa e cinco anos de existência?

Espero que gostem deste vídeo, que representa, acima de tudo, a vida. Mas também representa a cultura que o Brasil muitas vezes esquece, ou nem chega a conhecer.

Adeus Casamento
(Vitor Corrêa)
Eu já ando convidando pra ir no meu casamento,
A moça eu num conheço,
Nóis num temos conhecimento.
Eu sou caboclo trabaiadô,
Todos banco que eu vejo é meus instrumento.
A carça tem duas rapadura
No lugar dos assento;
A camisa não tem cacunda,
Isso é pra tomar um vento.
Eu já ando convidando pra ir no meu casamento
A moça eu num conheço,
Nóis num temos conhecimento.
Eu tenho meu chapéu caro
Que custou miliquinhento,
Lenço grande no pescoço
Da corzinha de pimenta.
Fui descendo a rua abaixo
Muito alegre, muito atento
Mas cheguei na casa da moça
Já cheguei e bati na porta...
Logo ela veio de lá de dentro
E eu já falei do casamento
Ela foi depressa e me respondeu:
"Confiança eu num te dou,
Vai pros quinto, pros trezento!"
Eu saí num trote duro, numa marcha de jumento
Casar eu não caso mais, acabou meu sofrimento.


quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Gênio felino...

"Atirei o pau no gato-to-to, mas o gato-to-to não morreu-eu-eu! Dona Xica-ca admirou-se-se com o berro, com o berro que o gato deu: MIAUUUUU!"

Quem nunca cantou isso que atire o que quiser, desde que não seja no bichano que vou lhes apresentar. Ele pertence a pianista/tecladista da Poesia Concertante (Fernanda Dearo) e resolveu seguir os passos da dona aprendendo a tocar teclado. Mesmo sendo uma música que fala de maus tratos a sua espécie ele resolveu tocá-la! (risos) Ele está aprendendo o instrumento há pouco tempo, portanto precisou da ajuda de alguém mais experiente para a gravação deste vídeo: Flavio d'Avila. Agora pasmem: o gatinho só tem 2 meses! Imaginem só quando ele crescer mais um pouquinho? Com certeza estará tocando peças dificílimas para piano!
O nome dele é o mesmo de um dos maiores gênios que a música já teve: Heitor! Se você está se perguntando "Mas quem é Heitor?", eu vou responder pra você: Villa Lobos! Deu pra entender agora, né? Agora analisem comigo: segundo sites que pesquisei, o gênio da música morreu em novembro e o gatinho tem dois meses de vida, portanto, nasceu no mesmo mês. Será esse simples gatinho uma reencarnação do homem que fez história na música mundial com toda a sua genialidade? Nasce um gênio animal: Heitor Villa-Gatos? Será? Não sei...tirem suas próprias conclusões e divirtam-se!
Foto por: Fernanda Dearo