terça-feira, 14 de junho de 2011

"Enxergar tudo que é invisivel" (...)

A última sexta feira (10/06) foi um dos dias mais especiais da minha vida desde que me iniciei na música há pouco mais de oito anos. Por quê? Calma já vou explicar.

Fui convidado pela cantora poçoscaldense Flávia Granato, que também é minha amiga, para visitar seus alunos de coral na AADV (Associação de Apoio ao Deficiente Visual). Fiquei orgulhoso demais pelo convite, mas também muito nervoso. Era uma situação nova pra mim e eu não sabia se ia conter as lágrimas com tanta emoção de uma vez só.

Chegando lá, antes de encontrá-los, conheci as dependências da instituição, que diga-se de passagem tem uma infra-estrutura maravilhosa, alem de desenvolverem um trabalho com muita seriedade, amor e carinho com os portadores de deficiência visual.

O momento de entrar na sala para o tão esperado encontro chegou e eu estava muito nervoso. Entrei na sala, todos sentaram-se em círculo e se apresentaram, um por um. Apertei forte a mão de cada um para que eles sentissem a minha felicidade em estar ali.

Comecei o bate papo falando um pouco sobre como se iniciou a minha relação com a música e o que ela representa pra mim hoje em dia como meu trabalho. Logo depois, toquei Perguntas, uma das primeiras músicas que eu escrevi. Eles ouviram, aplaudiram e disseram ter gostado bastante. Obviamente isso me encheu o ego e a alma.

Tive a honra de vê-los cantar lindamente canções clássicas como "Tiro ao Álváro", do mestre Adoniran Barbosa. Sempre admirei corais, pela técnica envolvida na divisão de vozes, mas esse foi especial. Todos cantavam em uma empolgação, um prazer. Nem pareciam ter os problemas que têm.  

O momento mais marcante desse encontro na minha opinião foi quando eu toquei Indecifrável, também de minha autoria. Quando cantei o refrão, uma das alunas começou a chorar e, ao final da música, ela disse que chorou por quê o trecho a tocou de uma forma muito intensa. Naquele momento meus olhos se encheram d'agua mas consegui conter o choro.

Além das minhas músicas, cantei alguns clássicos, como a canção "Como é Grande o Meu Amor Por Você", do rei Roberto Carlos, que foi cantada em coro por todos; "Codinome Beija-Flor", de Cazuza, que foi um pedido de uma das alunas; "Lanterna dos Afogados", dos Paralamas e a bela "What a Wonderful World", consagrada na voz inconfundível de Louis Armstrong. Aliás, quando fui explicar o porque de ter escolhido tocar a última música, não consegui segurar e chorei um pouco.

Assim foi a minha primeira (de muitas, espero) visita à AADV. Um dia que me apresentou a pessoas que enxergam a vida com o coração, de maneira linda.

Muito obrigado Flávia Granato, toda equipe da instituição e, principalmente, aos alunos que me receberam tão bem, de maneira tão acolhedora e sincera. Espero poder voltar em breve e me emocionar de novo com vocês todos.

3 comentários:

  1. Parabéns pela iniciativa!
    :D

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  2. É tão Maravilhoso saber que nosso trabalho está se frutificando dia após dia. Lendo este texto do Tokinho fico muito feliz por saber quais foram suas expectativas e sensações ao realizar um trabalho inovador. Digo inovador porque nós cantores temos o privilégio de cantarmos em vários lugares, com vários públicos diversificados, e quando nos deparamos com um grupo pequeno, mas amantes de uma boa música ficamos emocionados.
    A idéia desse projeto em trazer amigos músicos para se apresentarem para o Coral da AADV surgiu devido à importância que é para qualquer músico vivenciar uma “troca de experiência”, dessa forma o cantor convidado se apresenta para o Coro e o Coro também canta suas músicas do repertório. Nesse momento surgem idéias, conversas, perguntas e deixamos então a emoção tomar conta de todos.
    Não é a deficiência que faz com que nos emocionamos, pois acredito que todos nós somos deficientes. Cada um em sua vida tem deficiência em uma área, sendo física ou emocional. Mas essa emoção toma conta quando a música se torna o elo entre nós e os sentimentos então começam a tomar conta. Assim é impossível não se emocionar!
    Quero de coração agradecer a presença do Tokinho, grande amigo, aqui na Instituição da AADV e dizer que nossa casa está sempre aberta pra você. Continue sendo este talento e construindo músicas maravilhosas e que elas possam tocar forte todos que te ouvirem, da mesma forma que tocou nosso Coral da AADV.

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  3. Josiele (aluna da AADV)12 de julho de 2011 às 13:20

    Fiquei muito feliz quando recebi a notícia de que o músico Tokinho iria se apresentar na AADV no ensaio do coral... confesso que fiquei bastante surpresa pois, não me recordo de nenhuma pessoa ter ido se apresentar para nós especialmente nos ensaios. Foi muito legal... várias músicas de autoria dele foram sendo mostradas... também aproveitamos e cantamos algumas músicas de nosso repertório.
    Acredito que foi uma experiência bastante vindoura e proveitosa pois, assim, cada qual com seu trabalho realiza uma troca de experiências... desse modo, nós deficientes visuais mostramos a todos que somos capazes independente da limitação que temos... também acredito que o trabalho do coral acaba sendo mais divulgado aos outros que ainda não o conhecem...
    Josiele Cássia de Lima

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